ARTIGOS

Antropo Ecologistas


Recentemente recebi por e-mail um material da World Wildlife Foundation - WWF que dizia: "pra viver, você precisa que a natureza também viva." Achei pitoresco, porque este pensamento reflete muito claramente a base filosófica desta instituição, a WWF é antropo ecologista, assim como a larga maioria dos ecologistas.

Os ecologistas se dividem e se agrupam em inúmeras categorias. Os que pessoalmente gosto de definir como pseudo ecologistas, por exemplo, são um grupo bastante abrangente, tendo como subgrupos aqueles que buscam apenas lucrar com verbas públicas e doações privadas, os que jogam suas guimbas de cigarro no parque até mesmo durante passeatas "verdes", os que panfletam pela preservação das matas, os que arrecadam fundos para preservar as espécies ameaçadas de extinção promovendo churrascos, os que fazem carreatas para eleger candidatos do PV, enfim, os que na teoria se dizem ou pensam estar preocupados com a preservação da natureza, mas na prática prejudicam o meio-ambiente.

Ora, é de se notar que alternamos as expressões chave natureza e meio ambiente, e assim o fizemos como reflexo da categoria de ecologistas em que nós, bruxos ancestrais, nos inserimos. Porém, como para compreender melhor nosso conceito de ecologia é preciso compreender o adotado pelos antropo ecologistas, que é o inverso daquilo em que cremos, esclareceremos primeiro quem são os antropo ecologistas, o que pensam e o que os motiva.

Os antropo ecologistas forma o maior subgrupo de ecologistas do mundo. Muito embora pareça antagônico, suas bases filosóficas estão firme e profundamente estabelecidas numa amalgama do "escravizar a natureza" de Bacon, que separou a ciência da religião, com o "a natureza foi criada para servir ao homem, que é a imagem e semelhança de Deus", da Igreja.

Sobre tais bases, observam que diversos biomas já foram e outro estão sendo depredados e, em consequência disso, o clima está em mudança em diversas partes do mundo, criando condições que prejudicam a saúde do homem ou mesmo põem em risco a vida humana. Portanto, percebem como necessidade urgente preservar o que resta da natureza e recuperar o que possa desta para que o ser humano tenha condição de sobreviver.

Saliente-se que a visão utilitarista da natureza a serviço do ser humano é integralmente preservada. Aqui, os antropo ecologistas diferem daqueles que consideram o campo como uma mera fonte de alimentos e lucro apenas no tipo de retorno que visam; o foco continua sendo o interesse do ser humano.

Bruxos, por outro lado, se consideram como parte da natureza, e como tal preocupam-se com os animais não humanos e as plantas diretamente, independendo se lucrarão com isso ou não. Seu sentido de emergência nada tem a ver com a preservação da espécie humana ou os indícios de que o meio-ambiente pode se tornar hostil demais para o ser humano, mas com o reconhecimento de que a sociedade humana vive em desordem com o universo. Em nossa percepção, uma vez reintegrado à natureza, o ser humano deixa de ser um intruso, uma espécie daninha à vida como a sociedade industrial o é, e passa novamente a se alojar comodamente num sistema ecológico global.

Bruxos celebram as estações percebendo nelas o próprio fluxo da vida em seu sentido mais amplo, um dos aspectos da Dança da Deusa. Ademais, para um bruxo ancestral a relevância da espécie humana diante da vida como um todo é ínfima, então, quando defendemos a natureza, a defendemos acima dos interesses de nossa espécie. A ecologia bruxa é, portanto, antes de tudo uma ecologia pela vida, não pelo ser humano.