ARTIGOS


Da Roda do Ano à Roda da Civilização
e O Papel do Bruxo na Construção de uma Nova Civilização

Nós bruxos (lato senso) buscamos a harmonização com a natureza, e uma das formas de consegui-la é celebrar os sabates e esbates, ou seja, observar ritualmente a ascensão e a decadência do Sol e da Lua em relação à Terra. Às celebrações do ciclo do Sol, chamamos de Roda do Ano, sendo reconhecida pelo leigo como as quatro estações e quatro meias estações; o ciclo da Lua, os leigos identificam como a sucessão das quatro fases da Lua. Ambos os ciclos têm reflexos na natureza e em nossas vidas particulares.

A Roda do Ano aplicada à sorte do ser humano tem um de seus aspectos representado no Tarô de Marselha como a Roda da Fortuna, podendo ser assumida como ícone do grande ciclo que rege a vida. A sucessão das fases da Lua, por outro lado, é associada a ciclos mais curtos, depreendendo-se sua essência plenamente do trecho da ópera Carmina Burana "Oh fortuna, velut Luna, status variabilis!!!" e, entendida a Lua como representação do feminino, ainda mais representativo da lunação é a ópera "La Donna é mobili".

Porém, há muito mais que isso envolvido nos ciclos, aliás, não há o que não se submeta a ciclos. Hoje, os cientistas se apegam à ilusão de que os povos gregos, egípcios, sumérios e hindus surgiram do nada, que seriam estes os mais profundos alicerces de toda a civilização atual.

Preferem crer que todo o nosso sistema foi construído ao longo de não mais que 6.000 anos de história, passando, num piscar de olhos, do troglodita polidor de pedras ao construtor das sete maravilhas do Mundo Antigo. Descartam provas inequívocas da existência de civilizações remotas, muito anteriores à nossa, e da existência de vida inteligente na Terra muito anterior à suposta alvorada do Homo Sapiens Sapiens.

Nós bruxos, cientes da existência de raízes muito mais profundas, temos de estender a Roda do Ano ao próprio ciclo de vida das civilizações. Noutras palavras, sabemos que a civilização atual chegará a seu fim e, após um período de barbárie, uma nova civilização surgirá. Trata-se de um movimento natural, como o nascer e o pôr do Sol. Fim de civilização, que seja bem compreendido, não é sucessão de um Império por outro nem mesmo a troca de uma cultura dominante por uma até então dominada ou emergente. Fim de civilização é a dissolução de valores comuns acompanhada do caos geral, é a quebra da espinha dorsal e do alicerce, das bases mais fundamentais do que poderia representar a ordem, é o cada um por si e o desentendimento geral, a desconstituição de qualquer autoridade e a confusão da hierarquia em nível global, regional, local e pessoal. É a inexistência de modelos, o vácuo de referências que culmina com a elevação da desordem a um ponto que gera uma resposta da própria natureza na forma de catástrofes "naturais".

Corroborando a tese de que nossa civilização já se encontra avançada no trecho descendente, alguns sinais têm surgido desde meados do século XX e crescem exponencialmente em diversas áreas. Sejam aberrações meteorológicas como o surgimento de furacões recorde em número e em potência, acidentes geográficos como terremotos de grande poder destrutivo e Tsunamis em áreas densamente povoadas, o rompimento do tecido moral, representado por atentados terroristas de amplo alcance e grande poder de destruição bem como a mobilização dos recursos de nações poderosas para o atendimento de interesses particulares de pequenos grupos ao custo de vidas humanas e sofrimento até mesmo dos próprios povos que financiam a guerra (caso Bush e seu séquito), exemplos estes seguidos de perto pelos dirigentes dos mais diversos países, desnecessário mencionar os muitos casos de corrupção e falta de ética na política internacional, nacional e local nos mais diversas regiões do mundo.

Aberrações morais acompanhadas de grandes catástrofes "naturais" teriam ocorrido na Lemúria e, segundo nos ensinam, em Atlântida, assim como vemos acontecer hoje ao redor do Mundo. O mecanismo continua ativo centenas de milhares de anos depois: as baixas vibrações precipitam acidentes de grandes proporções, a desordem dos planos mental e astral revertem sobre o plano físico. O que podemos esperar? A explosão do supervulcão de Yellowstone que, segundo os únicos cientistas que arriscam declarar seu palpite, ocorrerá até 2020, cobrindo quase todo o território dos Estados Unidos com cinzas e expelindo vapores sulfúricos que poderão comprometer tanto a camada de ozônio quanto a agricultura de todo o planeta por DÉCADAS e/ou o esperado afundamento dos Açores, que gerará um mega Tsunami (isto dito por todos os cientistas especializados) que cruzará o Atlântico e chegará a Nova York com ainda 30 metros de altura e ao litoral nordeste brasileiro com 20 metros de altura, o que dirá de toda região costeira da Europa!!!

Ou o que mais? Queda de meteoritos? Afastamento abrupto de placas tectônicas elevando novas cadeias de montanhas e afundando continentes como já ocorreu antes? Enfim, o imprevisto que, tarde demais ceifará as ilusões de que a Terra se encontra em perfeito equilíbrio.

Pois bem, e depois o que restará? Todos os povos do mundo, incluindo todas as classes sociais, com fome e sem emprego, guerra civil de escala global, nenhuma autoridade respeitada, o retorno do uso da força em todos os níveis, de países a indivíduos, ou seja, nenhum traço de civilização. Tiranos locais, tiranos regionais e tiranos globais. Ninguém poderá trazer ordem ao Mundo.

E qual a saída?

Em minha opinião, um novo sistema.

Creio ainda que não por acaso as religiões antigas venham ressurgindo, como as pequenas sementes da nova religiosidade que poderá ser o pilar de uma nova civilização.

Nas religiões que prosperaram nos últimos séculos, a essência foi completamente perdida. Com raríssimas exceções, apegaram-se ao exoterismo e apagaram o esoterismo.

Nós bruxos resgatamos a essência e criamos nossos rituais sobre a Tradição, mas de forma independente e verdadeira. Não repetimos gestos e palavras como fazem os padres e magos cerimoniais, o que nos interessa não é a forma, mas o espírito. Agregamos o moderno sobre o antigo tornando-o prático e eficiente, pois conhecendo a essência e nos focando nela, não corremos o risco de transformar os rituais em aberrações, nem de nos apegamos a dogmas que modelam nossa mente, transformando a crença numa subordinação do intelecto à hierarquia social. Na minha opinião, está é a receita para contribuirmos com a criação de uma nova civilização e este é nosso papel no que cedo ou tarde virá.